17 de julho de 2007

Causos...

Uma das coisas que eu gosto muito no meu bom e velho amigo Sagaz, é a capacidade de escrever bons causos. Mais que isso, de lembrar de tantos e bons causosm daqueles que podem ser contados mil vezes, na mesma roda de amigos, que mesmo todo mundo sabendo da história, quer ouvir de novo.

Outro que é assim é meu sogro, dono de causos espetaculares, deles ou de conhecidos, que sempre que conta, todo mundo para e ouve. E quando ele não conta, a gente pede. Os causos já tem até nome, e a gente se diverte.

Tem 3 desses causos dele que eu vou contar aqui. Quem sabe o Sagaz não amina e atualiza o blog com alguns novos. ;o)

A simpatia

Por vários anos, meu sogro pilotou caminhões pelo Brasil afora, carregando de tudo que você imaginar. Papelão, flor, cavalo... E numa dessas voltando de Brasília, sentou num posto de gasolina, daqueles cheios de caminhoneiros, prestando especial atenção a um negão que ensinava aos demais uma simpatia para não dormir no volante.

- Então, faz o seguinte. Quando estiver com muito sono, para, pega o martelinho de bater pneu, sai do caminhão e faz no sentido anti-horário a volta no bichão, batendo os pneus. Dá três voltas batendo os pneus, o último vai estar já na porta da boléia, monta e vai embora, que o sono passou!

Chegando perto de Uberaba, de madrugada, eis que o danado começa a piscar no volante. Lembrou da simpatia do Negão e pensou: Mal não há de fazer. Desceu do caminhão com o martelinho e começou a bater os pneus. No meio da segunda volta, parou perto dos pneus traseiros porque deu uma vontade doida de fazer um xixi.Mal começou a tirar a água do joelho, do meio do nada surge uma voz que diz, bem alto:

- Ô, me dá um cigarro aí!

No susto, montou no caminhão, não sabe até hoje dizer que marcha colocou e foi, esperto até chegar em casa. No final, perguntei: "Mas e aí? Fez a tal simpatia de novo?" E ele?

- Eu não, vai que a vontade de mijar e a voz são por causa dela!

As éguas e as onças

Dessa vez, estava ele com um companheiro de viagem, lá pelo meio do Mato Grosso, com uma carga de éguas. Quando saíram para a cidade que iam, um Matogrossense ainda avisou que a estrada era de terra e que, se chovesse, eles teriam problemas e poderiam atolar. Quando o amigo disse que desatolava, o gaiato respondeu: "Só toma cuidado com as onças!"

Dito e feito! Choveu, o caminhão atolou e a noite chegou. As éguas começaram a ficar agitadas e os dois começam a discutir:

- Vai lá ver, Gê! (Gê é meu sogro)
- Eu não, vai você.
- Eu hein! Vai que é onça.
- Ah, e eu posso ir ver a onça.
- E se comer as éguas???
- Antes elas do que eu.

E as éguas ficando agitadas, os dois se borrando de medo dentro do caminhão, não saíam nem para fazer as necessidades. Olhavam para fora, um breu só, não se via nada. Nem abriam o vidro, vai que a onça entra. Uma hora, acordaram, já de manhã, com uma pancada no vidro do caminhão. Era o motorista de um ônibus de bóia fria. Os bóia frias ajudaram a desatolar o caminhão, mas perguntaram se os dois passaram a noite ali. Meio sem jeito, com um pouco de vergonha, responderam que sim, que preferiram não tentar desatolar de noite por causa das onças. Até que um respondeu:

- Aqui não tem onça, não. No meio das fazendas elas não entram, o pessoal espanta.

E lá se foram os dois, atrasados, enlameados e com um caminhão de bóia fria, rindo dos dois.

Xixi atrás do armário

Voltando do triângulo mineiro, quase chegando em casa, vinha descendo uma serrinha quando tentou frear e descobriu o desespero: o caminhão estava sem freio!

Pensa, reduz, tenta segurar no motor e nada, em breve passaria pelo meio de uma cidadezinha, poderia machucar alguém, o que fazer????

Ao chegar numa ruazinha um pouco mais reta, viu um baita murão e pensou: "É ali mesmo. Vou jogar o caminhão no muro, de lado, prá tentar parar no atrito". Das palavras, à ação. Mirou, pensou, se segurou do jeito que dava e pimba, com o caminhão no muro. Diminuir, até que diminuiu, mas não parou. Até que perdeu um pouco o controle e foi de encontro a uma casa. Acabou com o caminhão dentro de um quarto.

Desceu do caminhão, mas as pernas estavam moles, sem contar a vontade incontrolável de fazer um xixizinho de desespero. Sem saber onde ir, encostou atrás do guarda roupas semi destruído do dono da casa e foi ali mesmo.

No final das contas, quando chega a polícia, circo armado, eis que fala o dono da casa:

- A única coisa que eu não entendo é esse cheiro de urina na minha casa!

E ele, que disfarça bem que só:

- Ah eu não sei. A adrenalina está tão alta que não estou sentindo cheiro de nada...

2 comentários:

Unknown disse...

Tirando algumas falas que foram inventadas, até que ficou parecido com os causos do meu pai. O melhor é ele contando. Quem sabe um dia a gente coloca um vídeo dele :.)

Carol Belchior disse...

Ahhhhhhhhhhhh, vc é um copião isso sim. Mas ficaram boas as narrativas dos causos,só não ficaram tão engraçadas como o dono dos mesmos contando, concordo que devemos colocar a gravação improvisada nos blogs...nem que seja a da Tianinha...muito bom esse!

Detalhe: a Simpatia funcionou, ele não ficou com mais nenhum pouquinho de sono e dirigiu 5 horas seguidas. Então quem quiser testar a simpatia do negão, vale a pena!!!
Abraço:P