20 de junho de 2007

Respostas - Parte 3

Vieram me buscar. Conversam animadamente, como se eu ainda estivesse apagado. Não perceberam que estou consciente e pensando um jeito de, se não sair daqui, pelo menos levar alguns deles comigo. Mas foi difícil demais. A mulher quebrou minhas mãos e enquanto eu estava supostamente dopado, eles reduziram a fratura e engesaram. Foi muito difícil não gritar, não demonstrar dor.

Mas estar engessado pode ser uma vantagem. Poderia usar isso. Já que está tudo doendo mesmo, faço com que pelo menos sirva para alguma coisa. Me amarraram novamente a uma cadeira, mas dessa vez, estava preso pelo gesso, não pelos pulsos. Seria difícil, teria que ser muito rápido, mas era a única chance.

Contei mentalmente 5 minutos até ela entrar na sala. Esperei mais um pouco e fingi estar despertando. Olhei em volta e vi que estava no que parecia ser a mesma sala branca de antes, novamente impecável, sem nenhum sinal de que eu já havia sangrado muito ali mesmo, algum tempo antes. Tentei fingir um certo espanto, principalmente quando vi o gesso em minhas mãos, mas ela pareceu nem perceber ou se importar.

- Então?
- Então o quê?
- Quantos são?
- De novo essa história? Já disse que não sei do que você está falando.

Um tapa, forte, ardido, humilhante.

- Não vou perguntar de novo. Você já sabe como funciona.

Não respondi nada. Só comecei novamente a apanhar. Até que baixei a cabeça e comecei a chorar. Ela parou com a surra, então murmurei qualquer coisa. Sabia o que aconteceria em seguida. Ela precisava demais saber. Faria qualquer coisa. Cometeria um erro.

Ela ajoelhou na minha frente.

- O que você disse?

Murmurei qualquer coisa novamente.

Ela se aproximou um pouco mais, ficou perto o bastante para que eu pudesse tentar. Com um grito, mais de ódio que de dor, puxei com força os braços para trás, e minhas mãos, quebradas, saíram de dentro do gesso, firmemente preso à cadeira. Antes que ela pudesse esboçar qualquer reação, eu, cadeira e minhas mãos, quebradas, fomos parar sobre ela. Mesmo com os movimentos das mãos comprometidos, consegui colocá-las em volta de seu pescoço e, mesmo enquanto ela me batia, muito, comecei a sufocá-la. Quando ficou fraca, percebi que ela estava desfalecendo, enquanto ouvia atrás de mim a correria para chegarem até nós.

Quando ela parou de me bater, sussurrei ao seu ouvido:

- Somos 3, sua vaca nojenta. Só 3.

O último lampejo de compreensão de sua vida foi triste, como eu poderia esperar que fosse. Assim que entendeu, se entregou. Morreu, talvez de desgosto, mais do que sufocada. Assim que a soltei, tentei empurrar a cadeira e sair de cima daquela mulher detestável.

Vi, sentado de frente para a porta, quando os homens entraram, armas na mão, terror estampado no rosto. Um deles gritou alguma coisa, mas não entendi. Eu já tinha cumprido minha missão. Ela estava morta. Quando apontaram suas armas para mim, minha vida não passou diante dos meus olhos. Não vi nenhuma luz. Não senti nada. Meu último pensamento em vida foi de esperança, de que não tenha sido por nada.

Espero que tenha valido a pena.

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