Uma das coisas mais bacanas de quem trabalha com tecnologia, mas também uma das mais difíceis, é imaginar constantemente como será o futuro. O amanhã, o mês que vem, o ano que vem, a próxima década, o próximo século. Num mundo em que tudo muda a cada 6 meses, tentar imaginar como serão as coisas em 10, 15 anos é ao mesmo tempo engraçado e sofrido. Engraçado porque sempre saem idéias das mais malucas. Sofridas, porque numa aposta errada, um emprego ou mesmo uma carreira inteira pode ir para o buraco. Exemplo maior disso, Bill Gates, que comprou o DOS de um amigo que achava que aquilo não ia para frente. BG é um dos caras mais ricos do mundo. O amigo eu nem lembro o nome...
Mas, para olhar para frente (lá vem o chavão) temos que dar uma espiada para trás. Para que a gente não corra o risco de parecer ridículo, vale a pena lembrar como eram as coisas há 10 ou 15 anos atrás. Vamos para o mais longe, 15 anos.
Em 1993, poucos afortunados brasileiros tinham telefone celular. E muitos do que tinham só conseguiram por causa da Eco92, no Rio, para mostrar para os gringos que a gente era bacana. As redes eram analógicas, não tinham funcionalidades que hoje são consideradas básicas, como o Bina, por exemplo. PDAs eram agendas eletrônicas, com 32K de memória.
A Embratel estava contratando uma banda de internet de 2Mbps para testes. Apenas um punhado de cientistas tinha acesso a essa revolução. Quem tinha computador só podia usar BBSs ou serviços de video texto. As interfaces raramente eram gráficas. O Windows era o 3.11, que era um parto para conseguir uma conexão, e os processadores eram o 486 da intel. HDs de 40MB. Monitores coloridos tinham acabado de tomar o lugar dos monitores de tela verde, que dominavam os ambientes corporativos. Máquinas fotográficas digitais eram mais raras que pepitas de ouro, e gravavam em disquetes as fotos tiradas. Ou seja, demorava mais ou menos 30 segundos entre uma foto e outra. O mundo tinha acabado de ver a primeira TV de Plasma colorida, com 42 polegas. Pouco depois disso, pagava-se uns R$ 50 mil para ter uma. DVD era coisa do futuro e BluRay ninguém nem sabia que ia existir um dia. O melhor videogame da época era o Super Nintendo, de 16 Bits. GPS? Coisa de ficção científica, pelo menos os domésticos. Isso só para ilustrar alguns pontos.
Comparando com o que temos hoje: qualquer celular tem tela colorida de LCD, câmera e memória de 512M a 1Giga. As redes são digitais e aparelhos com internet, bluetooth, GPS, 16Giga de memória e outras coisinhas não são nem um pouco raros. Os celulares embutiram também os PDAs, então vem com agendas de compromisso e sincronizam com o seu computador. Que se tiver um HD menor do que 80Giga, você está doido para trocar. Se seu monitor não for de LCD, então... E seu processador, é dual ou quad core, com 3.2GHz? Mas poderia. Câmera digital só não tem quem usa a do próprio celular e uma TV de Plasma não custa mais R$ 50K, custa R$ 2,5K. E é melhor, porque é HD, ao contrário de sua ancestral caríssima. O Playstation 3 tem sei lá quantos bits e já é leitor de BluRay.
Aí a gente fecha os olhos e tenta imaginar como será que estaremos daqui a 15 anos. Eu tenho algumas idéias, ou pelo menos, algumas coisas que eu gostaria que mudassem.
A primeira dela: fios e cabos. Tirando os cabos de energia elétrica, acho que os outros vão sumir. Claro que ainda tem coisas que ficam melhores com cabo do que a transmissão sem fios, mas esse negócio de ter que ligar o DVD, o video game, o bluray, o decoder da TV paga, tudo na TV ou num receiver, para depois ainda ter que passar cabos pela sala toda para ligar as caixas de som, que podem ser 6, 8 ou 10, dependendo do seu receiver, é muita coisa. Já existem caixas de som sem fio, mas eu acho que um dia, todas as caixas e as ligações entre esses equipamentos não serão mais com fios. A mesma coisa seu computador. Mouse, caixas de som, teclado, impressora, monitor, um monte de fio prá lá e para cá, todos com os dias contados. Teclados e mouses sem fio não são nenhuma novidade, e o HD sem fio da Apple, o Time Capsule? Só mais uma pista de um futuro sem fios também no seu computador.
TVs e monitores que não sejam flat também vão acabar. Já no começo desse ano, tudo que eu vi de novidades para TVs na CES em Las Vegas já mostra isso. Seja Plasma, LCD, LED ou oLED, todas as TVs estão cada vez mais finas, e todas dispensando o tubão de outrora.
Mobilidade: tudo será móvel e cada vez menor. Seja a TV, o computador, o video game, ou o centro de mídia que os receptores digitais, sejam eles quais forem, vão acabar se tornando. Aliás, os equipamentos vão se juntar e assumir várias funções, que antes eram de equipamentos diferentes. O Xbox360 e o PS3 são exemplos disso. Assumem as funções de video game, BluRay/HDDVD player, MP3 player, computador (no caso do PS3 você pode instalar o Linux nele), um verdadeiro mídia center que, insisto, um dia será portátil. Como os celulares, que já são telefone, PDA, GPS, câmera fotográfica e MP3 players, e agora também com TV digital.
Digital é a palavra do futuro. Nada mais será analógico, a não ser, claro, que você queira. Como até hoje tem muita gente que prefere o som do vinil ao CD, DVD ou iPod.
Minha visão do futuro é essa: cada vez menos coisas fazendo mais coisas. E sem fios.
2 de junho de 2008
Futurologia
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